É verdade que tenho estado particularmente feliz nestes últimos tempos, apesar das múltiplas preocupações. Obama venceu, os mensaleiros estão sendo julgados e condenados. Rui Falcão , aquela mistura pra lá de indigesta de Stalin com Goebbels - o ministro da propaganda nazista que dizia que uma mentira, a força de ser repetida infinitamente, acaba como verdade- está sendo denunciado, juntamente com o chefe, sobre a farsa do relatório final da CPI do Cachoeira, que deixou de lado notórios pilantras como o governador do Rio de Janeiro, um tal de Sérgio Cabral Filho. Dilma compareceu sorridente à posse de Francisco Barbosa. E ainda umas outras pequenas cositas. Tenho a alegria de dizer que o homem mais poderoso do mundo e o mais respeitado do Brasil são negros. Negros como aquele meu antepassado lá do século 19, cuja fotografia guardo como recordação de família e como troféu de minha miscigenação. É a minha gota de sangue.
Mas, afinal, esta não é a receita para uma felicidade existencial. E ela existe? Lembrei-me disso ontem à noite, quando as nove e meia fui me deitar para dormir daí a meia hora, já com o celular marcado para as cinco da manhã de hoje, amanhã, depois, depois e depois. Este é um dos princípios de minha receita de felicidade. Lembrei-me ao pensar em uma amiga que tem a sua e que não admite a minha. Bobagem, nós, humanos, somos tão infinitamente diferentes uns dos outros que decidi não discutir, lembrando-me de meu pai que dizia só discutir coisas inteligentes.
Houve um tempo, não muito distante, que para ser feliz uma mulher precisa casar-se. Não precisei. Outras precisaram. Precisava procriar. Não precisei. Outras precisaram. Eu ainda não conhecia Simone de Beauvoir, mas tinha conceitos meio confusos acerca do que poderia ser a “minha” felicidade. Amei, tive paixões fulminantes, esqueci-os, ainda olho com saudades aqueles meus anos dourados, mas não quero nostalgia. Não imagino a felicidade numa cidade violenta, não imagino a felicidade baseada em constantes viagens, em compras, em luxo. Mas outras pensam assim, porque, afinal, somos infinitamente diferentes. Imagino a felicidade como uma grande, enorme liberdade. Aquela liberdade que Deus nos deu e que, mesmo que tenhamos escolhido a submissão, foi responsável pela nossa escolha. Deixei de ter pena de fulana ou beltrana, que não deu certo na vida, tendo todos os membros no lugar, uma cabeça pensante e condições mínimas. Irrita-me ouvir “Coitada de Fulaninha!” Fiquei má. Acredito na liberdade, aquela que nos permite fazer qualquer escolha, desde que não cause dor a outro, que, aliás, tem a liberdade de defender-se. Quero ser livre, e peço todos os dias a Deus que morra no sono, como os bem-aventurados. Talvez sonhando com outro mundo, onde dizem que há uma paz tão profunda, como jamais experimentaremos aqui.
Como ser humano, posso ter o homem ( ou a mulher) que quiser, e me quiser, sem nenhuma espécie de preconceito, mas quero a minha liberdade para escolher meu futuro e evoluir naquilo que para mim é importante. Sou uma individualidade, capaz de dar conta de minha vida, livre para viver no mato, no Rio, em Paris, livre para viver como quiser e onde quiser,... sendo feliz.
E madrugadora.
2 comentários:
Parabéns querida por este lindo texto! " Sou uma individualidade, capaz de dar conta de minha vida, livre para viver no mato, no Rio, em Paris, livre para viver como quiser e onde quiser,... sendo feliz. E madrugadora."Gostei muito disto, talvez por gostar demais da minha liberdade.
Bela conquista!
Muita luz e flores para enfeitar tua alma.Bjs Eloah
Lindo, Maria Lúcia!
Bela crônica!
Beijos,
Nazaré
PS.: Veja meu poemeto bilíngue:
Liberdade/Libereco
http://www.nazarelaroca.blogspot.com.br/2013/03/liberdade-libereco.html
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