Alguns homens, jovens, aparecem
numa cena de um filme antigo. Parece que faz frio, vestem sobretudos. São
quatro ou cinco. De repente, vemos soldados que lhes metem no pescoço cordas.
Serão enforcados. Mas, afinal, quem são eles? Uma voz nos diz que não ficará de
pé nenhum sérvio rebelde. Mas já não vimos tanta maldade inimaginável praticada
pelos nazistas? Seres humanos amontoados como lixo? Crianças famélicas? Rostos
que quase perderam sua humanidade? Por que aquela cena particular causou-me
tanto horror?
Um simples gesto. Como aquele de
quem arruma alguma gola que o incomoda... Mas ali, aquele jovem procura algum
conforto com a corda que lhe quebrará o pescoço dentro de alguns segundos. É como
se sua vida fosse prosseguir! Não há desespero em seu rosto. Mostra dignidade,
o que faltou a muitos nazistas justiçados em Nuremberg! Logo depois aparece a
figura ao mesmo tempo sinistra e ridícula de Hitler! Quanto asco!!!
Já vi e revi esta imagem que
sempre me trás muita dor. Ilustra a propaganda de um programa que mostra os
filmes secretos da 2ª. Guerra, no Canal Bio, na tevê por assinatura. A imagem me
comove, me enoja, me dá calafrios, mas me fascina em toda sua carga de tragicidade. É como se eu estivesse lá,
assistindo a todas as mortes de resistentes que lutavam pela libertação de sua
pátria, antiga República Yugosláva, que reunia várias populações naquela região
dos Balcans. Mas foi aquele gesto, simples, cotidiano, do pescoço, que mais me
emociou. Era seu adeus à vida!
E quem seria este jovem? Um
professor, um médico, um artista? Teria um amor, filhos ? E seus pais? Conheço a bravura destes
povos reunidos na resistência ao nazismo, e aos simpatizantes croatas. Sem nenhuma
ajuda lutaram isolados, mostrando uma coragem incomparável. Quero imaginar meu
mártir como um guerreiro, tão bravo quanto seus compatriotas, e posso fazê-lo
ao ver sua dignidade no derradeiro momento.
Já morreu há muitas e muitas décadas.
Seu cadáver não dever haver sido restituído á família. Foi empilhado com milhões
de outros! Como vemos - meu Deus – fazerem os separatistas pró-Rússia com as
vítimas do acidente que eles próprios provocaram.
Se Deus é realmente esta usina de
força de que fala John Lennon, que ele nos dê a força de que precisaremos SEMPRE
para nos revoltarmos, para gritar ao mundo que não é isso que queremos! Faço a
minha parte, revolto-me contra qualquer tirania, de que é exemplo o jovem sérvio, com
seu ultimo gesto de vida. Não sei se meu texto será lido, mas escrevê-lo já
reconforta meu coração!
Nenhum comentário:
Postar um comentário