QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Estatuto do amor

AMAR verbo intransitivo, disse o poeta Mário de Andrade. E como ouvi dizer Dom Helder Câmara, amar a Deus é amar todas as suas criaturas. Amar incondicionalmente vale mais do que todas as missas, sermões, orações. E, parodiando Drummond, é um presente que Deus nos mandou. Mas, afinal quantos de nós somos capazes de exercer efetivamente este sentimento? Raros, mas, felizmente, existem. E muitos estarão para sempre em nossa memória despertando eterna admiração. Homens como Albert Schweitzer, médico franco-alemão, mas também teólogo, filósofo, poeta, músico, considerado na época o maior interprete de Bach, que aos trinta e poucos anos transferiu-se para África, onde dedicou sua vida aos necessitados. Lá viveu até sua morte, atendendo sem descanso os esquecidos, pregando o Evangelho e ensinando-os a apreciar a música, a mais divina das artes. Conta-se que à noite, se podia ouvir seu piano, que ressoava dentro da escuridão da savana africana. Dizia: “Quando um homem aprende a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seus semelhantes.” Ou ainda “Felicidade é ter boa saúde e memória ruim.” Morreu em 1965, aos 90 anos.


E Madre Teresa de Calcutá, que um dia disse: “Um coração feliz é um coração ardente de amor.” Albanesa, nasceu de uma família católica, numa cidade pertencente ao Império Otomano, e estudou entre muçulmanos. Tornou-se freira aos dezoito anos e, alguns anos depois, partiu para a Índia, onde dedicou a vida aos mais miseráveis dos miseráveis. Exibia no rosto marcado a dor da compaixão, de, a cada dia, compartilhar com eles suas dolorosas chagas. E Irmã Dulce, nossa Teresa de Calcutá?

Mas há também os heróis anônimos, aqueles doam cada dia de suas vidas aos seus semelhantes. Aqueles que amam incondicionalmente, que abandonam seus países, onde usufruiriam de conforto, lazer e segurança, e optam por uma vida de sacrifícios. Entre eles muitos brasileiros como me informa a revista dos “Médicos sem fronteiras”, organização humanitária fundada em 1971 na França por jovens médicos e jornalistas. Já na capa vemos o retrato da Somália, devastada pela fome e pela violência. Uma criança esquálida é atendida por um médico. Em seu olhar e no da mãe que o carrega se vê a marca do sofrimento. Não há brilho, é o olhar de um adulto sofredor. Parece que jamais sorriu, nunca brincou, não conhece nada além da fome e do medo. Na contracapa , lemos a seguinte informação: “Em 2011, MSF-Brasil enviou 94 BRASILEIROS PARA 41 PAÍSES. São pediatras, enfermeiras, psicólogos, anestesistas, farmacêuticos , ginecologistas, cirurgiões, administradores e profissionais logísticos, que foram para países como Afeganistão, Etiópia, Moçambique, Índia, Tunísia, Sudão do Sul, Somália, Ucrânia, Haiti, Costa do Marfim, Líbia, entre outros.” A nós só cabe o orgulho de termos ainda gente deste calibre moral, ainda que haja Cachoeira, Dirceu, Demóstenes, Renan, Collor, Maluf, Jader e tantos milhares de outros. Ao longo da leitura da revista, ficamos sabendo de dois médicos assassinados na Somália. Há fotos que documentam a dor, mas também há aquelas que espelham a esperança, de crianças se alimentando e de futuras mães sendo atendidas.

Lembro-me da passagem bíblica da semente de mostarda, que sendo a menor, uma vez cultivada se torna a mais frondosa das árvores: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, nada vos será impossível.” Estes homens e mulheres, crentes ou não, plantaram seu grão de mostarda que tem crescido em sua fé pela vida. Graças a esta fé, seja ela religiosa ou não, crianças têm sido salvas, mães têm podido dar vida a seus filhos, amamentá-los, vê-los crescer, ainda que fanáticos se interponham em seus caminhos e rompam este ciclo de amor. Amar a Deus seguramente não significa ser religioso, mas a cada dia demonstrar seu amor ao próximo. Amar a Deus, como dizia o doutor Schwitzer, significa amar cada uma de suas criaturas. Não acredito nas religiões, mas acredito em Deus e no amor.

Se você quiser contribuir para esta entidade, basta acessar www.msf.org.br ou telefonar para 21- 2215-8688 e doar trinta reais mensais.

E por que não plantarmos nossa semente de mostarda?