QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

ETERNAMENTE, TEMPO DE AMA-LO.

"Quando a primavera chegar
Nos veremos de novo
Falaremos de coisas vividas
e sempre vivas
De afetos passados, de afetos presentes,
Falaremos de rosas, de espinhos
de contos de fadas,
De crianças brincando,
Mas sobretudo de nós.
Ouvirei teu silêncio, ouvirás o meu,
Nos daremos as mãos e dançaremos,
uma dança sem espaço, sem tempo;
Uma dança sem fim,
e nos envolveremos
no doce manto da ternura.
Ah! Quando a primavera chegar"...


Minha amiga Rosane mandou-me um lindo poema que fala do amor que eternamente a unirá ao seu amado que tão cedo partiu.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

De meu amor para mim.

Llegaste al mediodía
Hada de mis ensueños
Para que, juntos, vivamos
Tardes luminosas...
Beatrice/Maria Lúcia
Eres mi guía
En la selva obscura de los afanes
Y de las tareas inacabanadas.
12 de Agosto de 2008 11:46

terça-feira, 16 de setembro de 2008

CINEMA MUDO

“Sobre tecnologia antigrampo, a única eficaz é não abrir a boca.”
A jóia é do Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o inigualável General Jorge Felix. O General é brilhante! Conseguiu semear o medo em todos nós. Estamos todos ameaçados de ser grampeados! Porque parece que grampear é simples de realizar e impossível de resolver. Eu, particularmente, tenho andado meio cabreira com uma barulheira que surge repentinamente, bem no meio de uma conversa. Porque, tendo um Ministro como o General (e da SEGURANÇA seja lá do que for), posso até acreditar que arapongas, que pertencem ao mesmo governo do espantoso militar, sejam tão desastrados quanto ele, a ponto de anunciar o grampo. Na verdade, meu único delito é ser contra este governo.
Uma vez que acredito nesta possibilidade, penso em algumas situações complicadas. Temo, por exemplo, que um simples pedido de esclarecimento a minha ginecologista possa desencadear uma avalanche de fofocas sobre minha vida particular e, sobretudo, sexual. Arapongas, em geral, são ignorantes e inescrupulosos, é claro. Assim, seguindo o conselho do General, vou abdicar do telefone em casos médicos. Porque há também o psicoterapeuta com quem falo muito raramente pelo telefone, mas a quem posso recorrer em caso de GRANDE necessidade. Perigosíssimo!
Mas há coisas simples, como, por exemplo, conversar com uma amiga e, sem querer, fazer algum comentário sobre outra, ou outras. De agora em diante, terei o máximo cuidado, falando o menos possível, vigiando meus pensamentos e cortando qualquer insinuação maldosa. Dizem que fêmeas não suportam fêmeas. Aliás, tenho reparado minha cadelinha, que brinca com machos, mas avança sobre fêmeas. E por falar em conversas telefônicas femininas, lembro-me de que certa vez meu pai teve que vir do quartel, furioso, para verificar se havia esquecido em casa certo documento. Fez questão de vir pessoalmente para poder constatar pessoalmente que minha mãe estava há horas conversando com amigas no telefone. Indignado, quis saber com quem conversava durante tanto tempo: “Com uma amiga, trocávamos receitas”. Eu era ainda bem pequena e acreditei piamente. Minha mãe não seria capaz de criticar outra mulher. Ou seria? Bons tempos aqueles em que os únicos grampos conhecidos eram os de cabelo.
Talvez, seguindo os sábios conselhos do General, seria melhor cortar de uma vez de nossas vidas o telefone. Afinal, temos a Internet. O problema é que Walquíria, uma de minhas principais interlocutoras, só olha seus e-mails uma vez por semana. Não conheço o endereço eletrônico de meu terapeuta, minhas sobrinhas se esquecem de ver a correspondência. Quanto à ginecologista, que mora defronte à minha casa, já resolvi que vou visitá-la quando surgir qualquer dúvida.
Ainda estou estudando outras estratégias para calar a boca e me proteger. É importante. Já conclui que sempre que o Felix abre a sua e exala um veredicto, a gente tem que acreditar. Lembram-se daquele: “Quanto menos transparência, melhor”? Aliás, dizem que o Lula ficou tão contrariado com as bobagens ditas pelo general que cancelou as participações dele nas reuniões matinais dos dias seguintes. Mas então, não seria melhor o mandar calar a boca e ficar em casa definitivamente, dizendo besteiras para a mulher?

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

ESTATUTO DO ALÉM

Sempre considerei o “Estatuto da criança e do adolescente” um instrumento estratégico para o crime organizado, que utiliza crianças e adolescentes, além de promover a total impunidade de cruéis assassinos “di menor”. Não só eu, mas quase toda sociedade brasileira. Mas diante do crime monstruoso cometido pelo pai e pela madrasta de dois meninos de 12 e 13 anos, resolvi inteirar-me do conteúdo do dito Estatuto. Afinal, tratando-se de algo tão polêmico, é preciso que a sociedade o conheça melhor.
Data de 1990, e tem como artigo 5o: “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou OMISSÃO, aos seus direitos fundamentais”. Lendo nos jornais a história das duas infelizes crianças, ficamos sabendo que foram encontrados na rua, já tarde da noite, e que disseram aos policiais que os encontraram que haviam sido expulsos de casa. E aí entra um outro artigo do Estatuto, que vale a pena lembrar: “Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais”. E diz ainda em artigo mais adiante: “A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis”.
Aí leio no jornal (O Globo-domingo, 7 de setembro): “Na delegacia, a conselheira Edna Aparecida Ribeiro Amante decidiu leva-los de volta para casa. Os meninos não queriam ir e pediram para serem levados a um abrigo, pois tinham medo de voltar para casa.” Ou seja, a tal Conselheira Tutelar, nem siquer procurou averiguar nada – o que é artigo do Estatuto- , mostrou total ausência de compaixão, autorgando-se o dom da propriedade da verdade, acima de qualquer denúncia feita por duas crianças aterrorizadas Mas afinal, que tipo de gente eles empregam no tal de Conselho Tutelar? E o que é, afinal, o tal Conselho Tutelar, que tem nos seus quadros gente tão desqualificada? Diz ele, num de seus primeiros artigos acerca de suas funções: “Atender às crianças e adolescentes que tiverem seus direitos ameaçados por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; por falta; omissão ou abuso dos pais ou responsáveis; ou em razão de sua conduta”.E que atendimento tiveram os infelizes? A Sra. Amante, sabe-se lá de quem, traçou-lhes o trágico destino.
Uma vizinha da “família” declarou na televisão, candidamente, que ouvia as surras e os pedidos de clemência das duas crianças. E é claro ficou na dela. Afinal, o que ela tem a ver com a vida dos outros? Lembro-me então de minha avó Joana, mulher transgressora das leis do bom comportamento, mas de grande valor moral. Ainda bem jovem não teve medo de invadir a casa de um vizinho, que, bêbado, espancava a mulher e os filhos. Tomou-lhe das mãos o cinto e deu-lhe uma surra. E o covarde não rebateu. De outra vez, invadiu a casa de uma vizinha que surrava constantemente a enteada. Arrancou a criança das mãos da megera e levou-a para nossa casa, onde ficou até que a avó materna viesse busca-la. Ao pai, chamou-o, bem gauchamente, de “banana”, desmoralizado. Será que a humanidade piorou tanto que não se encontram mais Joanas e sim Amantes e vizinhas medrosas e omissas.
O Estatuto é bem elaborado, procura proteger e dignificar a criança, ainda que algumas vezes derrape no excesso. No Art. 16, parágrafo VII, lê-se que o direito à liberdade compreende buscar refúgio, auxílio e orientação. Ou seja, o que os coitados dos garotos procuraram. Continuando, lemos princípios nobres como o que diz que as entidades, dentre as quais acredito estar o tal Conselho Tutelar, têm a obrigação de comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vínculos familiares. Ou ainda, o que serve tanto para o tal Conselho quanto para a tal vizinha, que é dever de TODOS prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
É pena que o Brasil seja o Brasil. Dizem que a culpa é dos portugueses, que só se interessavam pelas nossas riquezas. Agora é tarde para mudarmos de colonizadores. O fato é que do Estatuto só ficou para a sociedade a sua parte macunaímica, do herói sem nenhum caráter, defendida por tipos como Eduardo Greenhalgh, aquela que beneficia bandidos. É pena que Joanas, ainda que não sejam boas-moças, mas corajosas e honestas, quase tenham desaparecido, que Amantes – provavelmente de algum bandido – decidam num organismo que deveria primar pela decência, e que vizinhas covardes confessem tranqüilamente sua covardia.
E agora, defensores dos direitos das crianças e dos adolescentes, o que vai acontecer com Edna Aparecida Ribeiro Amante? Ela, tanto quanto a vizinha medrosa, infringiu o Estatuto. Afinal, não disse o Presidente que qualquer trabalho infantil terá seu responsável punido, e tem que ser denunciado, já que fere o referido Estatuto? E no caso da tragédia das duas crianças, não vale a mesma regra?
No fim da vida, cega, a megera que surrava a enteada dizia a minha mãe: “Como eu gostava de Dona Joana! Nós sempre nos demos tão bem!”
Minha mãe e eu nos entreolhávamos e sorriamos.