QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



Seguidores

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A vida...”Sei lá!”

Gostaria de ter a inspiração de Vinícius de Morais para poder falar de forma tão linda de nossa fragilidade, de nossa finitude, enfim da vida. Vida que ganhamos e perdemos, perdidos na solidão de nossa individualidade.
Realmente, amigo poeta, “a gente mal nasce e começa a morrer”. Mas há tanto a fazer entre este começo e o fim que desponta desde então! Há perdas, dolorosas, mas também há ganhos. E é preciso saber que “depois da chegada vem sempre a partida, porque não há nada sem separação” Perdi Felipe e Alice, mas ganhei Bertrand e Luíza. Lindos, já despontando para o que desejam no futuro: ela estilista de moda, ele... ainda em dúvida. E quando Sérgio se foi, no espaço de poucas horas, alguns dias depois de eu haver chegado de uma deliciosa viagem! Achei que a vida havia me passado uma rasteira! É verdade, amigo poeta, que “a gente nem sabe que males se apronta, fazendo de conta, fingindo esquecer.” Teresa e eu perplexas diante desta tão súbita separação. Mas então ganhamos Felipe, um outro, de olhos enormes, expressão doce, amoroso. Perdemos Sérgio, e ganhamos Felipe. É a vida, que nos ensina que “nada renasce antes que se acabe e o sol que desponta tem que anoitecer”.
E assim ficamos nós duas, Teresa e eu, unidas mais do que nunca. E a gente, como todo mundo, fingia esquecer que ainda viriam outras separações. E então, num dia ensolarado de maio, dizemos adeus a Zé Carlos. Teresa, viúva, os filhos, eu, amigos. Diz o poeta que a vida é uma grande ilusão. Na juventude nos iludimos com uma eterna juventude, na maturidade escondemos de nós mesmos nossa finitude, tão presente por todas as perdas que já sofremos. E não adianta querer brigar, “a vida tem sempre razão.” Mas foi depois de todas estas separações que ganhamos João, com carinha de gaiato, agora já despontando para paixões: “Mãe, acho que estou apaixonado!” João que quando abraça, com todo amor que guarda no peito, quase nos derruba.
E foi então que a vida nos levou Teresa. Digo a vida porque vida e morte se complementam, mas a gente sempre finge esquecer. Dor em todos nós, dor tão grande que quase não cabia no peito, que parecia querer explodir. E quem disse que esta dor não dói fisicamente? Mas a vida tem sempre razão: não pode haver chegada sem a partida. Mas foi então, quando começávamos a nos consolar, que Deus nos deu Miguel. Um ano e dez meses, capaz de cantar todo “Parabéns prá você”, e que conta que vovó Teresa foi para o céu e virou uma estrelinha. E indaga, e conta histórias. Lindo!
Viemos Sérgio, Teresa e eu, como ganhos depois de perdas. E também vieram Bruno, Ludmila, Bertrand e Alice. Um dia, nós também seremos perdas, e haverá outros ganhos. Mas, acima de tudo, para viver esta experiência extraordinária que Deus nos dá é preciso amá-la, experimentar a paixão de estar vivo.
Eu tive tantas perdas e tantos ganhos! Já há muito tempo aprendi isto que diz o poeta. E acho que a vida, apesar de tudo, tem sido generosa comigo. Além de todos estes ganhos, tenho um só meu, Ricardo, que me acompanha e compartilha comigo esta paixão da vida.
Há exatamente quatro anos, às seis horas da manhã, recebi a notícia de que Teresa havia falecido. E até hoje, há momentos que tenho o impulso de telefonar-lhe, chamá-la para juntas tomarmos um cafezinho, fazer confidências.
E sei que será assim até o fim. Mas, afinal, não há amor sem separação.

Nenhum comentário: