QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Começar de novo

Quero começar 2010 como se fosse meu primeiro Ano Novo. Fiz esta promessa para mim mesma. Começar ou recomeçar, como se todas as mágoas do passado houvessem desaparecido. Dizer como Jean Renoir, cineasta, filho do grande pintor, ao escrever suas memórias: ”Do passado só o melhor.” Não conseguiu, como também não vou conseguir, mas quero definitivamente abandonar muitas coisas, a começar por aquelas que, não sei por que razão, guardei em meus armários: bolsinhas inúteis, bilhetinhos remotos, toalhinhas usadas quando a carruagem parava para a troca dos cavalos e as senhoras desciam para molhar levemente o rosto (tenho um monte, todas presenteadas, lindamente bordadas, e que nem sei onde meter). Quero despojar-me de tudo que não for necessário, não aceitarei mais presentes inúteis, que a gente ganha aos montes no Natal e depois fica sem saber o que fazer: nem bolsinhas para guardar calcinhas, bijuterias, lencinhos. Quero doar- e também não sei a quem - vasinhos, potinhos, bichinhos, toda a parafernália que enche a casa e a vida da gente.
Tenho feito um combate intransigente à inutilidade, quero viver com simplicidade. Simplicidade em tudo. Não quero coisas que atravanquem minha vida. Quero colocar meus milhões de CDs no Ipod. E depois que conseguir chegar ao final desta tarefa, que me parece tão árdua quanto “Os Doze Trabalhos de Hércules”, ainda terei o problema de distribuir os originais. Isto depois de uma cópia de segurança no Bekape. Quero passar para DVD os outros milhões de vídeos que venho amontoando, tudo com a contribuição do Ricardo, ao longo dos anos. Sendo que a maior parte é totalmente inútil. E ainda temos dezenas de álbuns com fotos nossas, tiradas aqui e ali, que quero reduzir ao meu Ipod, colocar em DVD, assegurando tudo no Bekape. Mas aí, o que fazer com os álbuns que se amontoam na parte superior de nossos armários? Jogar fora? Impossível! Afinal, fotos traduzem recordações que fazem parte da vida da gente! Quero reduzir, minimizar. Meu sonho mesmo é ter acesso à nanotecnologia. Quero vender, doar, dar de presente, minha mesa de madeira escura, enorme, com cadeiras pesadas e desconfortáveis, que pertencem a um passado que não posso e nem quero reviver. Quero uma mesa clean, pequena, onde Ricardo, eu e alguns poucos amigos possamos nos instalar e papear. Quero abrir armários com o necessário, bem organizados, que a gente saiba o que contêm.
Na minha busca pela simplicidade, encontrei coisas desaparecidas há muito tempo, de que nem me lembrava mais. Algumas guardei, outras joguei fora. Não quero fazer como meu pai que jogava dentro de um velho baú de ferro, todas suas más recordações. Quando fui remexê-lo, após sua morte, pude fazer um balanço de tudo que o atormentava. O que me atormenta, e todos têm alguma coisa que mexe mal com a gente, conto para meu analista. E depois de minha morte, meus segredos irão embora comigo. Do meu passado, quero guardar minhas fotos de felicidade, as lembranças dos que se foram muito antes de minha chegada, mas que, afinal, fazem parte da minha história: meu tataravô, meu bisavô, minha avó aos quinze anos, meu pai jovem e lindo, cheio de projetos e esperanças, suas fotos dedicadas à minha mãe com dedicatórias cheias de paixão: ”... à minha querida noivinha...”, lindo! E confesso que jamais recebi uma dedicatória assim. E ela numa foto enviada às amigas “... vejam como é lindo meu noivo...!” Quero Felippe e Alice felizes, para sempre na minha memória. Em 2010, não vou mais pensar neles doentes, sofredores. Quero alegria, porque afinal não sei quantos anos me restam. Confesso que, como no caso das toalhinhas bordadas e inúteis, também não sei o que fazer com certas lembranças, mas tanto umas quanto outras vão sumir do meu dia-a-dia e dar espaço a coisas úteis e gostosas.
Quero lembrar o meu passado sem mágoas, não quero maldizer meus sonhos de juventude, aqueles dos meus anos dourados, que na verdade eram anos de chumbo, quero pensar o quanto era lindo sonharmos. 2010 será meu ano de recomeço, e espero fazer este recomeço sempre que abrir os olhos para um novo dia, porque 1º. de janeiro nada mais é do que uma data. Um dia dentre os 365 outros, e eu quero 365 para recomeçar, o que, diga-se de passagem, meu Ipod, meus vídeos e minhas fotos vão me ajudar a fazer.
E viva o recomeço!

3 comentários:

Ricardo Vélez-Rodríguez disse...

Feliz ano novo para ti, que este arejamento que planejas te traga muita frescura e novas ilusões e que, nesse contexto de renovação, o nosso amor se revigore também! Beijo grande. Te amo.

Guacira Maciel disse...

Olá...
Sim, viva o recomeço! Muito belo o seu texto e não menos belos os seus propósitos. Vá em frente!
Abraço, Guacira.
www.gpoetica.blogspot.com

aaa disse...

Olá

Cada dia que nasce é novo. É uma oportunidade de fazermos da vida uma festa, deitar fora as poeiras e tudo aquilo que a pode desfeiar.
Viva pois o recomeço! Gostei muto do que li.
Parabéns!