QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Susto, bala ou vício

“... Estou aqui de passagem. Sei que adiante um dia vou morrer. De susto, de bala ou vício, de susto de bala ou vício...”



Este é um trecho do lindo poema que ilustra “Soy loco por ti America” de Caetano Veloso.


Aqui se fala da inevitabilidade da morte que habita todos nós, ainda que alguns se julguem imortais. Mas eles também, lá no fundo, têm medo, como cada um de nós. Medo do desconhecido, do absolutamente diferente. Mas apesar deste destino comum, há os que amam a vida e procuram preservá-la, e os que a desprezam ou desperdiçam. Há gente com David Servan-Schreiber e também como Amy Winehouse, Jimmy Hendrix, Janis Joplin, Kurt Cobain, Brian Jones.


David, que morreu na noite de 24 para 25 de julho, era um neurocientista e psiquiatra de renome na França e nos Estados Unidos. Durante uma pesquisa, por acaso, numa Universidade americana, descobriu que tinha um tumor cerebral. Tinha trinta e um anos. Morreu na semana anterior aos seus cinqüenta e um. Durante estes vinte surpreendentes anos de luta contra a terrível doença, escreveu artigos em revistas especializadas, e dois livros de auto-ajuda, que tenho como livros de cabeceira: “Anticancer” e “Cura”. Ao saber da gravidade da reincidência de seu mal, escreveu um último livro “On peut se dire au revoir plusieurs fois”. Não é meu propósito falar de suas obras, mas de seu amor e respeito pelo que de mais precioso possuímos: a vida. Sem ser religioso, provavelmente era ateu, deu a todos nós um exemplo magnífico de amor ao próximo. Seu site “Guérir” ensina-nos a cuidar da saúde, ser mais fortes, na alma e no corpo.


David morreu dois dias depois de Amy. Eram ambos judeus. David vinha de família rica, filho de um grande jornalista socialista, fundador de “L”Express”, provavelmente a revista mais importante da França, tornando-se um ícone do jornalismo mundial. Também escreveu um livro de grande repercussão: “O desafio americano”. Belo homem, apaixonado pela vida, muitas foram suas paixões. David viveu sua infância e juventude ao lado de gente do calibre intelectual de Jean-Paul Sartre, Camus e outros. Do pai herdou a inteligência, a coragem, nobreza e beleza. E o amor à vida.


Amy era filha de um chofer de taxi, gente da classe média, sem brilho. Feia, não tinha uma história digna de ser contada, mas era uma enorme cantora. O pai, homem simples, narra, emocionado, a história de sua menininha, que ganhou fama pela música e pela autodestruição. Amy morreu deliberadamente. Ao contrário de David, não tinha nenhuma nobreza, desprezava a vida, e dava mostras, como nenhum dos outros deu, de sua decadência física e moral. Amy e David eram antagônicos. Morte versus vida. Decadência versus nobreza. Ao ver a foto de David em uma palestra alguns meses antes de morrer e a de Amy em um hotel em Santa Teresa, totalmente embriagada, seios a mostra, nos damos conta de como é infinita nossa diversidade humana. E a escolha é nossa. Somos diversos porque somos livres, ”condenados à liberdade”, como dizia Sartre. David escolheu a vida, a alegria, o amor ao próximo, a nobreza. E por isso será, eternamente, para aqueles que leram sua obra, uma grande referência.


Histórias diferentes, vidas diferentes, destinos diferentes. Vejo a todo instante desconhecidos, jovens e velhos, cuja vida tantos obstáculos apresenta, mas vislumbro neles a luz do combate. Alguns parecem dizer: “Quero viver, e viver representa lutar.” Como o homem que vi hoje, numa cadeira de rodas automática, o corpo totalmente disforme, passeando na praça com seu cachorrinho. Também vejo os que se degradam. Enfim, a cada um de nós cabe escolher entre a felicidade e amargura, o riso e soturnez, a vida e a morte. E ainda que estejamos aqui de passagem, e que esta passagem em certos momentos seja dolorosa, podemos torná-la feliz.


Afinal, como dizia Gonzaguinha: “O que será amanhã, responda quem quiser; o que irá me acontecer, o meu destino será como Deus quiser” É certo que susto, bala, vício, tombo, AVC, câncer, tombo, vão nos levar um dia, mas porque não ser feliz, se ainda temos este instante de vida, que pode acabar num pluft.

E onde foram parar meus seguidores. Acho que alguém andou me sabotando. Será?









Um comentário:

Eloah disse...

Estamos aqui de passagem, e sabemos disto.Deixar de ser feliz é não viver. Amar a vida é uma dádiva e a nós cabe usufruí-la.Gostei muito do texto.Parabéns! Que o teu final de semana seja com muitas flores, cores e amores.Bjs Eloah