QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Sexo, drogas e Rock and Roll

Alguém sabe quem é Christine Keller? E o doutor Ward? E um certo John Dennis Profumo? E Eugene Ivanov? Personagens reais ou fictícios? Acho que muito pouca gente vai poder responder. Uma trama fantástica mistura um ministro conservador de sua Majestade, um adido militar soviético, uma prostituta e um médico homeopata, o preferido da família real, além de personagens secundários, como o proxeneta que comanda um pequeno exército de “horizontales”. Mistura mais do que explosiva, naqueles anos 60, em plena Guerra Fria. Romance policial, de espionagem? Na época, estourou em bancas de jornal, revistas traziam a foto de todos os personagens, a cores. Mas foi há tanto tempo, que praticamente caiu no esquecimento. O título: “Escândalo Profumo”. Profumo, homem íntegro, um certo dia, não se sabe porque, vale-se dos serviços do tal proxeneta. A escolhida é Christine Keller, de 19 anos, que também presta serviço ao Adido Militar soviético. O intermediário entre o Ministro e o proxeneta é o tal Ward, que, por sinal, é amigo do soviético. Descoberta a trama, Christine Keller é suspeita de passar para seu amante soviético segredos de Estado, colhidos durante seus encontros com o Ministro inglês.
Bem, tudo isto estava esquecido, ou melhor, guardado, na memória de meu computador natural, aquele com que nascemos. E foi reativado a partir da leitura de um artigo de Arthur Xexéo, sobre Mônica Velloso, que a revista Playboy tenta comparar a Christine Keller, já começando com uma foto idêntica. E por que esta tentativa? Espertamente, a revista procura identificar Mônica Velloso como a mulher que abalou os alicerces da República brasileira! Mas tudo isto é puro besteirol. Mônica é uma espertalhona, que usou fatos de sua vida privada para se dar bem. Fato corriqueiro, insignificante, sobretudo com personagens tão essencialmente secundários.
Resolvi escrever para lembrar alguns fatos extremamente intrigantes naquele já histórico “Escândalo Profumo”. Eu ainda patinava na adolescência, mas, como muitos dos jovens daquele tempo, lia intensamente e interessava-me por tudo o que acontecia. Assim, li e reli tudo que se referia àquele romance policial da vida real. O final é evidente, Profumo foi exonerado, depois do escândalo e da derrota de seu Partido Conservador, o soviético desapareceu, assim como os demais personagens. Mas a partir daí, sutilmente, sem que quase ninguém tenha se dado conta, mudanças foram ocorrendo. Até que, ao final de alguns anos, a sociedade havia sofrido enorme transformação. E o palco primordial desta mudança foi exatamente a terra de sua Majestade Elisabeth. Logo depois, o mundo assistiu, impotente, ao boom das drogas, estranhamente glamourizadas por parte da imprensa. Revistas mostravam, em Londres, jovens totalmente destruídos. Ao consumo das drogas, quase simultaneamente, veio juntar-se o mundo do rock, a descoberta e ascensão meteórica dos Beattles (ainda que o grupo tenha sido extraordinário e, certamente, ignorasse o que poderia se esconder por trás daquele sucesso). A cada aparição, multiplicavam-se as cenas de histeria, tudo, é claro, embalado pelo consumo de drogas. Sempre com o cenário inglês. Nesta altura, o mundo já havia mergulhado nas drogas, os grupos de Rock se sucediam numa clara apologia ao consumo. Depois foi Woodstock, o movimento hippie, etc, etc. E sempre muita, muita droga.
Há alguns anos, em conversa com um cientista político de renome, ouvi dele esta mesma dúvida, que sempre foi a minha: teria sido tudo isto engendrado a partir daquele aparentemente simples caso extraconjugal? Teria sido uma hipótese que eu jamais havia levantado, uma estratégia da Guerra fria, aquela de destruir pelo nariz, como já disse Fidel? Desiludidos, sem o respaldo secular do respeito e admiração a seu maior símbolo de autoridade, teriam as novas gerações inglesas, sob o impacto da denúncia, sido vítimas de um plano altamente sofisticado, no qual o objeto não era uma arma mas o nariz? O país escolhido, e seus valores nacionais, não poderiam ser mais adequados. Nestes tempos pós-Guerra Fria, ficamos conhecendo planos que nos parecem ridículos, como aquele em que a CIA pensou fazer cair a barba, e creio que também o cabelo, de Fidel. Pode parecer ridículo, mas é altamente sofisticado: o que poderia ter acontecido com um Fidel, líder revolucionário, repentinamente carecão? Ou com as sempre instáveis e ridículas, cabeleira e barbas postiças?
Pode ser que para alguns de nós, que conhecemos aquela trama de intrigas internacionais, permaneça uma dúvida. Para outros, minha hipótese pode parecer esdrúxula, totalmente absurda. Quem sabe afinal? Ou quem saberá algum dia? Mas para nossos filhos e netos, permanecerá seguramente, e para sempre, a constante ameaça das drogas.

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