QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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domingo, 7 de outubro de 2007

Sonhos e pesadelos

Quem é este homem sujo, descalço, decrépito, cabelos emaranhados, olhar meio esgazeado, levado pelo agente da CIA? Não pode ser o Che, não aceito! O Che que iluminou meus sonhos de jovem, herói da causa da justiça, é aquele que olha arrogante para frente, lindo, cabelos revoltos, barba rebelde, a boina, a estrela. Ou então aquele que, morto, nos sorri como se o martírio fizesse parte de sua história, já escrita de antemão! Não aceito este Che derrotado, sujo, fedorento! É contra tudo aquilo em que sempre acreditei! Como pode ser que ele tenha se transformado em um pequeno ser humano, frágil, doente, sem nenhum charme? Olho novamente a foto, sim é ele. O comandante, já sem nenhum dos elementos que fizeram dele a figura mítica que povoou sonhos daqueles jovens lá dos anos 60 e 70, que acreditavam que um mundo melhor poderia existir.
Derrubado o comunismo, rompida a cortina, pudemos ver que aquele mundo ideal não era nada do que havíamos imaginado. Hoje, tantos anos depois, sabemos que nossos ídolos eram de barro. Fidel é um velho ditador moribundo, metido num ridículo uniforme de ginástica, mal podendo manter-se em pé. Che começa a mostrar uma face que não gostaríamos de conhecer, aquela de sua real dimensão. Depoimentos de velhos companheiros mostram um homem fanático, cruel, sem o menor sentido de justiça. Mas eu reluto, não quero abdicar do meu velho mito. Quero aquele Che de minha juventude, belo, jovem, idealista, totalmente devotado à justiça social! Não posso aceitar que possivelmente ele nunca tenha existido e foi simplesmente produto de nossas quimeras! Dizem que foi um comandante desorientado, não conhecia nada de nenhumas das funções que desempenhou, que, nas selvas bolivianas, jamais conseguiu conquistar a simpatia daqueles que dizia querer defender. Gostaria de poder dizer que conservo meu cândido ideal de jovem, que ainda acredito naquilo tudo que discutíamos nas mesas dos bares, mas confesso que, balanço feito, não restou quase nada. Gostaria de, como minha velha prima Zaida, conservar até o fim da vida a ilusão de meus sonhos do passado. Da mesma forma que ela acreditava na imagem daqueles atores e atrizes, que a fizeram sonhar até o final, gostaria que na minha, permanecessem meus velhos heróis. Gostaria de poder afirmar, como o Che, que ainda que a gente acabe se endurecendo no decorrer dos anos, jamais perderemos a ternura, aquela de nossos sonhos juvenis. Como fez Zaida

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