QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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terça-feira, 16 de setembro de 2008

CINEMA MUDO

“Sobre tecnologia antigrampo, a única eficaz é não abrir a boca.”
A jóia é do Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o inigualável General Jorge Felix. O General é brilhante! Conseguiu semear o medo em todos nós. Estamos todos ameaçados de ser grampeados! Porque parece que grampear é simples de realizar e impossível de resolver. Eu, particularmente, tenho andado meio cabreira com uma barulheira que surge repentinamente, bem no meio de uma conversa. Porque, tendo um Ministro como o General (e da SEGURANÇA seja lá do que for), posso até acreditar que arapongas, que pertencem ao mesmo governo do espantoso militar, sejam tão desastrados quanto ele, a ponto de anunciar o grampo. Na verdade, meu único delito é ser contra este governo.
Uma vez que acredito nesta possibilidade, penso em algumas situações complicadas. Temo, por exemplo, que um simples pedido de esclarecimento a minha ginecologista possa desencadear uma avalanche de fofocas sobre minha vida particular e, sobretudo, sexual. Arapongas, em geral, são ignorantes e inescrupulosos, é claro. Assim, seguindo o conselho do General, vou abdicar do telefone em casos médicos. Porque há também o psicoterapeuta com quem falo muito raramente pelo telefone, mas a quem posso recorrer em caso de GRANDE necessidade. Perigosíssimo!
Mas há coisas simples, como, por exemplo, conversar com uma amiga e, sem querer, fazer algum comentário sobre outra, ou outras. De agora em diante, terei o máximo cuidado, falando o menos possível, vigiando meus pensamentos e cortando qualquer insinuação maldosa. Dizem que fêmeas não suportam fêmeas. Aliás, tenho reparado minha cadelinha, que brinca com machos, mas avança sobre fêmeas. E por falar em conversas telefônicas femininas, lembro-me de que certa vez meu pai teve que vir do quartel, furioso, para verificar se havia esquecido em casa certo documento. Fez questão de vir pessoalmente para poder constatar pessoalmente que minha mãe estava há horas conversando com amigas no telefone. Indignado, quis saber com quem conversava durante tanto tempo: “Com uma amiga, trocávamos receitas”. Eu era ainda bem pequena e acreditei piamente. Minha mãe não seria capaz de criticar outra mulher. Ou seria? Bons tempos aqueles em que os únicos grampos conhecidos eram os de cabelo.
Talvez, seguindo os sábios conselhos do General, seria melhor cortar de uma vez de nossas vidas o telefone. Afinal, temos a Internet. O problema é que Walquíria, uma de minhas principais interlocutoras, só olha seus e-mails uma vez por semana. Não conheço o endereço eletrônico de meu terapeuta, minhas sobrinhas se esquecem de ver a correspondência. Quanto à ginecologista, que mora defronte à minha casa, já resolvi que vou visitá-la quando surgir qualquer dúvida.
Ainda estou estudando outras estratégias para calar a boca e me proteger. É importante. Já conclui que sempre que o Felix abre a sua e exala um veredicto, a gente tem que acreditar. Lembram-se daquele: “Quanto menos transparência, melhor”? Aliás, dizem que o Lula ficou tão contrariado com as bobagens ditas pelo general que cancelou as participações dele nas reuniões matinais dos dias seguintes. Mas então, não seria melhor o mandar calar a boca e ficar em casa definitivamente, dizendo besteiras para a mulher?

Um comentário:

Ricardo Vélez-Rodríguez disse...

Gatinha, adorei teu comentário de hoje, bem-humorado e brilhante, como sempre. Em relação a grampos telefónicos, eu já penso diferente. Talvez por ser colombiano, acostumado a cachorros policiais em tudo quanto é aeroporto e rodoviária, não faço o mínimo esforço para não ser escutado por arapongas. Já que o meu imperativo categórico é criticar a cafajestice que nos desgoverna, não me incomodo em saber que arapongas arapongam as minhas conversas. Ótimo! Lula e o seu governo podre saberão mais diretamente (em vivo e em direto) o que penso deles! Quem deveria sair seria o próprio Lula, que é o chefe direto do Tarso Genro (o "Beria" tupiniquim que adora bisbilhotar brasileiros), e do general Félix.