QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Paris. A festa continou


Considero meu amor pela leitura uma grande benção. Quando a gente lê com amor, não interessa onde esteja, o barulho que façam a seu redor, a cachorrada que late – Tila e Charmoso estão neste momento em uma de brincadeira em que um abocanha a orelha do outro. Mas acabei de ler um livro fantástico e vim direto para o computador para contar a meus amigos o que li e aprendi. O autor é Alan Riding, nascido no Brasil de pais ingleses, com longa carreira jornalística. É também escritor. Atualmente, mora em Paris como correspondente cultural do New York Times. Conheci-o através de uma entrevista em “Conexão Roberto D´Avila”, meu programa de domingo a noite. Fiquei fascinada com sua inteligência, cultura, sua personalidade, e o assunto, que sempre foi para mim uma incógnita: o que acontecia em Paris sob a ocupação nazista, no período entre 1940 e 1944. Como estou impedida de fazer musculação com os braços, tive que optar pela bicicleta, e foi durante aqueles quarenta minutos, que se transformaram em momentos incrivelmente prazerosos, que li vorazmente o livro. Trata-se de um trabalho de pesquisa gigantesco, que contou com a colaboração de historiadores importantes deste período e também de testemunhas daqueles anos sombrios, alguns já falecidos quando da publicação do livro. Mas cabe a mim um agradecimento especial a Allan Riding, por ter permitido que um dever quase suplicial se transformasse em puro deleite.
Para melhor compreender a pesquisa é necessário um pequeno passeio pela história da França com suas múltiplas Repúblicas, ou Constituições. A primeira, elaborada pela Assembléia Constituinte Nacional em 1792, aboliu definitivamente a monarquia. A ela seguiram mais duas, surgidas por acontecimentos políticos importantes.  Depois da derrota na guerra contra a Prússia, foi elaborada a Terceira República. Foi sob ela que Paris viveu seus dias mais gloriosos, que entre 1870 e 1914 foram chamados de “Belle Epoque “. No entre- guerras (1918-1940), Paris reuniu artistas do mundo inteiro, tantos que não dá para citá-los. Foram os “anos loucos”, que Woody Allen genialmente mostra em seu filme “Meia-noite em Paris”. Todos viviam a ilusão de que o mundo girava a seu favor, que nunca mais haveria guerra, sem atentarem para o que se passava na Alemanha falida, onde um partido de extrema direita, seqüestrava e matava qualquer opositor, e onde surgia uma figura sinistra, carismática, feita no modelo exato para um povo desesperado. Da forma mais imoral, França e Inglaterra a ele foram cedendo tudo, a começar pelo vergonhoso Tratado de Munique, que entregava uma parte da Tchecoslováquia aos nazistas. Mas o que era a Tchecoslováquia? A França vivia um momento especial chamado “Front Popullaire” que durou de 1936 a 1939, cujo Primeiro Ministro era Léon Blum, socialista, judeu, posteriormente preso pelos nazistas. Foi um momento de euforia Os trabalhadores conquistaram o direito a quinze dias de férias anuais, a quarenta horas de trabalho semanal, e a um aumento de salário. Uma velha canção interpretada por Jean Gabin, cantor e galã da época, conta a perplexidade da classe operária, que não sabe o que fazer com os dias sem trabalho. No entanto, o Front Populaire era formado por uma coalisão de partidos, que jamais se entenderam. E durou até o momento em que Hitler invadiu a Polônia e começou a avançar pela Europa Ocidental,  ainda tendo seu Ministro de Relações Exteriores, Ribbentrop, firmado com a União Soviética um tratado de não agressão. A França compreende então que suas aspirações são muito maiores do que se havia imaginado.
Depois de vergonhosa derrota, que incorporou à Alemanha, duas províncias: Alsácia e Lorena, os nazista invadiram Paris e em maio de 1940 desfilaram na Avenida des Champs Elysées, tendo atravessado o Arco do Triunfo. A França despedaçada, com uma extrema direita, nazista ou não, mas profundamente anti-semita, foi dividida em duas partes, a região ocupada ao norte, incluindo Paris, e ao sul um governo fantoche comandado pelo General Pétain, herói na Primeira Guerra. Muitas famílias parisienses, crendo ser mais seguro, fugiram desesperadas para o sul, sob um governo instalado na cidade de Vichy. No entanto, este governo fantoche era quase tão perigoso quanto o dos nazistas. Mas era preciso sobreviver, ainda que não se vislumbrasse nenhuma luz no fim do túnel. A esta III Republica foi promulgada e 1945 a  IV, e , finalmente, em 1958, o General Charles de Gaulle, eleito Presidente inaugurou a V, que persiste até agora.
Mas o texto já está bem longo e tenho medo de chateá-los. Logo, estarei contando o que realmente me interessa, Paris sob a ocupação.

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