QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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sexta-feira, 31 de julho de 2015

O cinema, a invenção do século -2

Inventado pelos irmãos Lumière, o cinema mostra, a um público ávido por novidades, cenas da vida cotidiana. São operárias saindo da fábrica Lumière, “A chegada do trem à estação Ciotat”, amigos jogando cartas no jardim, e o cômico “L´arroseur arrosé”. A primeira sessão deu-se no "Grand Café", 14, Boulevard des Capucines, no dia 28 de dezembro de 1895.  Um cartaz exibia: “CINEMATÓGRAFO LUMIÈRE, entrada 1 franco” A arrumação da sala sumária: uma tela, uma centena de cadeiras, um aparelho de projeção em cima de uma escadinha Foram exibidos dez filmes documentais, cada um com duração média de dois minutos. O público parece não haver se interessado muito, nesta primeira sessão foram registrados somente trinta e três espectadores.  A imprensa, convidada, não compareceu. Mas a propaganda  boca a boca faz afluir o público. Em poucos dias, formam-se filas, onde ocorrem brigas, tendo a polícia que intervir. Estava nascendo a grande invenção do século, que hoje, passados mais de cem anos, ainda nos seduz.
 Pode-se dizer que a primeira sala de cinema do mundo, ainda existe, chama-se Eden, é uma saleta situada no subsolo do Grand Café. Na época chamava-se Salão Indiano. Posteriormente, foi comum a exibição de filmes de curta metragem, cerca de oito minutos, nos parques de diversão, ou nos museus temáticos, do tipo Grévin, em Paris, ou Egyptian Hall, em Londres. É a partir de 1905, que, nos Estados Unidos, surgem as primeiras salas de cinema, tal como a concebemos hoje.
E pouco a pouco, o cinema, nosso velho conhecido, foi surgindo, contando histórias, inventando truques. Georges Méliès, prestigiditador famoso, é convidado pelos irmãos Lumière  e se encanta. Sai sonhando em fazer a aliança do que acaba de ver com a mágica. Genial, ele, vai pouco a pouco, desenvolver o drama, a comédia, a aventura, a magia. Conta-se que um dia, estando a filmar diante da Opéra, em Paris, a película fica presa. Ao soltá-la e continuar a filmagem, produz-se um acontecimento mágico: uma carruagem converte-se em um bonde, uma mulher em um homem, um cavalo em um cachorro. Então não será mais preciso utilizar milhares de artimanhas em suas mágicas, o cinema se encarregará disso.
Em 1897, constrói no jardim de sua mansão em Montreuil, nos arredores de Paris, o primeiro estúdio cinematográfico, adaptando-o às necessidades de suas criações. Foi o inventor e um mestre dos efeitos especiais. Pela superposição de filmagens, consegue criar múltiplas imagens duplas, em atitudes e expressões diversas, entre muitos outros truques. É considerado, ainda hoje, o maior cineasta do mundo, sendo chamado por Chaplin de “Mestre da luz”. Fez mais de quinhentos filmes de curta duração. Os atores eram amigos, vizinhos, empregados. Somente sua esposa, Jeanne Dalcy, era atriz profissional. O mais célebre de seus filmes “ Voyage dans la lune” realizado em 1902, permanece célebre e é considerado um prodígio de efeitos, tendo em vista a época. Os filmes em preto e branco eram minuciosamente coloridos, quadro a quadro por grande número de mulheres coloristas. Trabalho incansável e perfeito , que podemos ainda hoje admirar.
Pensou-se em utilizar o extraordinário invento para mostrar cirurgias, e chegou-se à filmagem da separação de duas irmãs siamesas em 1902, apesar dos protestos da sociedade médica francesa contra esta prática. Afinal, tal proeza acabou exibida em parques de diversão. E então surgem outras sociedades como a Pathé, produzindo filmes dirigidos por um jovem corso, funcionário da casa, Ferdinand Zecca, que inicia sua carreira em 1901 com o filme “Histoire d´un crime”. E a  industria cinematográfica expande-se, é preciso mais aparelhos para os compradores de filmes. Léon Gaumont põe no mercado um projetor destinado tanto à filmagem quanto à projeção. E algum tempo depois, outro aparelho de projeção mais silencioso: o Chronophotographe Gaumont. Confia a realização das obras, pequenas “sainetes” à sua jovem assistente Alice Guy, considerada a primeira cineasta feminina do mundo.  Mademoiselle Guy revela-se uma grande realizadora, que de 1897 a 1906, produzirá mais de 200 filmes. E realiza filmes de enorme sucesso, como “La vie du Christ” em 1906, sua obra mais importante. Não se trata mais de uma “sainete” ingênua, mas de um verdadeiro drama com trezentos figurantes e vinte e cinco cenários, uma verdadeira epopéia.
A França possui três competidores Méliès, Pathé e Gaumont, que se vigiam. Nos Estados Unidos também progride a indústria cinematográfica. Thomas Edson e outros pesquisadores constroem outros aparelhos com o mesmo fim. As exposições universais de 1889 e 1900 são ocasião para exibição de novos aparelhos. Outros produzem e dirigem filmes. As reportagens mostram cenas da guerra dos bôeres na Africa do Sul em 1899, a coroação do Tsar Nicolau II em 1896, onde aparece a Tsarina e suas fillhas Olga, Tatiana, Maria , Anastácia e o pequeno Alexei. Todos fusilados pelos Bolcheviques em dezessete de julho de mil novecentos e dezoito. E também filmam banalidades, já que não tinham nenhuma formação jornalística. Reportagens aconteciam dos dois lados do mundo e igualmente cativavam o público.


Na França, pouco a pouco, as filmagens e truques de Méliès perdem o interesse. Ele acaba vendendo seu estúdio e mais tarde perde toda sua fortuna. No final da vida, tinha uma banca de brinquedos e doces na estação de metro de Montparnasse. Já bem no fim, foi devidamente reconhecido e homenageado, passando a receber uma pensão do governo francês por serviços prestados à cultura. Morreu em 1938. Alice Guy passou parte de sua vida nos Estados Unidos, onde morreu em 1968. Ferdinand Zecca, Charles Pathé , considerado o pai da industria cinematográfica, também já se foram há muitos anos. Mas de todos eles restou a beleza, o lirismo e a nostalgia de um tempo lindo, em que a fantasia da nova arte iluminava com sorrisos ou  lágrimas os rostos de nossos antepassados.    

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