QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Glamour e Sedução

Há alguns dias, um amigo e eu, tomando uma cervejinha neste verão antecipado, começamos a conversar sobre aquelas mulheres que, em tempos idos, fizeram sonhar homens e também mulheres, que gostariam de ter sua beleza, fama, fortuna, milhões de admiradores a seus pés. Aquelas que podiam ter amantes, casar muitas vezes, sempre com homens famosos, passear em cadilacs imensos como transatlânticos. Mulheres que viveram numa época de intenso glamour, que apareciam nas telas com peignoirs de seda, viviam em ambientes de luxo. Parece que foi Jean Harlow, que deu início a esta sedução dourada. Morreu aos 26 anos, em 1937, segundo se diz em decorrência da recusa de sua mãe, ou sua, em permitir uma cirurgia necessária, já que pertencia a uma crença religiosa denominada Ciência Cristã que proibia intervenções cirúrgicas. Outra famosa e glamorosa loura foi Carole Lombard, morta em um acidente de avião em 1942, aos 34 anos, quando fazia venda de bônus para as tropas americanas durante a Segunda Guerra. Teve um ardente romance com Clark Gable, com quem se casou. Morto em 1960, o galã, que tantas mulheres fez suspirar, está enterrado ao seu lado. E mais recentemente, mas não tanto, o mundo da sedução perdeu a belíssima dominicana Maria Montes, morta de um ataque cardíaco em uma banheira. O ano é o já longínquo 1951.
Mas estas já estão num passado muito remoto. Ava Gadner, que o poeta e pintor francês, Jean Cocteau, classificou como o “mais belo animal do mundo”, teve uma vida amorosa tumultuada. Foi casada com Frank Sinatra, que, fascinado por sua beleza, abandonou a mulher, com quem fora casado desde a juventude. No filme “O Poderoso Chefão” (o primeiro), com Marlon Brandon no papel de Don Corleone, este romance, e posterior divórcio de um cantor, protegido pela Mafia, é comentado e censurado. No casamento da filha do chefão, ele canta para a noiva e é clara a alusão a Sinatra. O ano do casamento é 1951 e Frank era seu terceiro marido. Como tudo na vida dela, foi tumultuado, incluindo uma tentativa de suicídio dele, acabou em 1953.
 Era fascinada por toureiros, e manteve um arrebatador romance com o mais famoso de todos, Luís Miguel Dominguin. Conta-se que, certa noite, em um hotel em Roma, durante uma briga, tentou suicídio, atirando-se de uma sacada. Para sua sorte, a roupa enganchou numa grade e a grande star teve de ser resgatada pelos bombeiros. Alguns anos antes de sua morte, em 1990, a atriz confidenciou a um jornalista que, logo após a Revolução, foi a Havana, hospedando-se na casa do escritor americano Ernest Hemingway. Lá conheceu Fidel Castro, então jovem, e herói ,o que a encantou. Sem dizer claramente, deu a entender que mantiveram um romance. Pela biografia amorosa de ambos, pode-se crer ser verdade. E também, talvez, com Juan Domingo Perón. No Brasil, provocou escândalos, com bebedeiras e quebradeiras no Copacabana Palace.
 E também Rita Hayworth , ou melhor, Rita Margarita Cansino. Vinha de uma família de dançarinos ciganos. Seu avô era considerado o maior dançarino de flamenco da época. Rita aprendeu dança desde os três anos, tornando-se parceira de seu pai nas exibições. Ao ser descoberta, trocou o sobrenome pelo de sua mãe, de origem irlandesa. Sua beleza foi aprimorada por longas e dolorosas sessões de eletrólise que lhe descobriram a testa. Pintou os cabelos de ruivo e tornou-se a inesquecível “Gilda”. Foi mulher de Orson Welles, com quem teve uma filha, Rebecca, que faleceu em 2004, aos sessenta anos. Seu terceiro marido, foi o célebre play-boy, Ali Khan, com quem teve a segunda filha, Yasmin. Ali Khan, nasceu em Turim de mãe italiana e morreu em Paris, em 1960. Creio que jamais foi ao Paquistão, ainda que tenha sido seu representante na ONU! Pertencia a uma dinastia muçulmana, descendente de um certo rei de nome complicado. A ignorância do povo paquistanês fez dos Aga Khan, e toda sua família, uma das mais ricas do mundo.
Ainda na década de sessenta Rita deu os primeiros sinais de uma doença que a aniquilaria até a morte. O terrível mal de Alzheimer. Conta-se que certa noite, seu vizinho, Glenn Ford, com quem havia filmado o célebre “Gilda”, telefonou à sua filha Rebecca relatando que a mãe passava as noites caminhando pelos jardins na mansão, ao que ela respondeu : “É bebedeira”. Em 1987, já totalmente lesada, morreu no apartamento de sua filha Yasmin. Tendo assistido todo o horror por que passara ela própria e sua mãe, Yasmin organizou uma Fundação que ajuda as vítimas da doença. Acerca disso, vi uma entrevista sua há alguns anos.  Rita casou-se cinco vezes e para justificar seus múltiplos casamentos dizia: “Os homens vão para cama com Gilda, mas acordam comigo.”.
      Liz Taylor, o mais belo rosto do cinema. Ou um dos mais belos. Foi estrela desde a infância. Sua beleza percorreu sua carreira, encantando o mundo. Foi também a campeã de casamentos, oito ao todo. Com Richard Burton, grande ator, oriundo do teatro, tornou-se uma atriz respeitada pela critica, e não somente aquela dos “olhos violeta”. Relação conturbada, que incluiu dois divórcios e dois casamentos, muitos diamantes, brigas e muito álcool. De dois dos seus casamentos teve três filhos, mas nenhum seguiu a carreira cinematográfica. Morreu em 2011, vítima de uma grave cardiopatia. Não caminhava mais, sendo conduzida numa cadeira de rodas. Mas conservou a sua beleza, já madura. Disse-me na época uma amiga em tom de brincadeira: “É, todo mundo morre mesmo!  Até a Liz Taylor!”
E Marilyn Monroe ou, mais prosaicamente, Norma Jean. Antiga, operária durante a Guerra, filha de mãe esquizofrênica e pai desconhecido, criada em lares adotivos. Tornou-se célebre por sua foto nua, para um calendário, em que expunha seu corpo escultural. Neste tempo ainda tinha a cor natural dos cabelos e era Norma Jean. Seu terceiro e último marido, Arthur Miller, é um dos grandes teatrólogos americanos, sendo autor de peças célebres como  “As bruxas de Salem” e “ A morte do caixeiro viajante”, dentre outras . Foi um casamento intrigante, pois se juntavam um intelectual do mais alto nível e o grande símbolo sexual. Para casarem-se, Marilyn converteu-se ao judaísmo. Arthur Miller teve grande influência em sua vida e foi o único de seus maridos a engravidá-la. Abortou durante uma filmagem, cujo roteiro era do próprio Miller. O casamento durou cerca de seis anos.
 Sua morte ficou para sempre envolta em mistério. Como havia sido amante de Bob e John Kennedy, foi levantada a hipótese de que fora vítima de homicídio, o que é muito pouco provável.  O mais verossímil  é que tenha sido vítima de uma overdose de barbitúricos, sendo que a hipótese de suicídio está praticamente descartada. Recentemente, uma revista americana classificou-a como a mulher mais sexy de toda a história do cinema.
E há também as européias, como Sofia Loren, atualmente com oitenta e um anos. Sua beleza selvagem encantou platéias durante anos. Teve um único marido, o diretor Carlo Ponti, feio, baixote e careca, e dois filhos. Sempre levou uma vida discreta. Dela nunca se soube de escândalo, álcool, amantes. Hoje, já velha, ainda é uma bela mulher, possivelmente pela vida tranqüila que sempre levou. E Gina Lollobrigida, hoje com oitenta e oito anos. Casou-se duas vezes, teve um único filho, com o primeiro marido, um médico iugoslavo. Foi a grande musa do neo-realismo italiano e seus filmes desta fase tornaram-se ícones do cinema. Ainda hoje conserva traços de sua inesquecível beleza. E Silvana Mangano. Esposa do diretor Dino de Laurentis, atriz inesquecível de “Ulysses”, onde atuou como a feiticeira Circe e a esposa que o espera , Penélope. E muitas outras, lindas, mas que não cultivaram aquele glamour hollywoodiano.
Hoje tudo mudou. Muitas atrizes, cantoras, e até princesas, estão engajadas em ações sociais. A mais conhecida é Angelina Jolie, Embaixadora da Boa Vontade da ONU e que ainda coordena projetos políticos em países como a Etiópia e Camboja. Gisele Bünchen é Embaixadora da ONU para causas ambientais. E cantoras como Madonna, que trata de uma ONG que visa a inclusão social de crianças pobres e ainda “Raising Malawi”, que trata de órfãos e crianças com AIDS no miserável país africano. Há alguns anos, adotou duas crianças no país, que são criadas com seus filhos. E tantas outras, como a cantora Shakira, que tem uma ONG que provê alimentação e educação para crianças pobres na Colômbia.
Podemos compreender que o mundo mudou, mudamos nós, mulheres. Não nos basta mais ser belas, temos projetos profissionais, queremos liberdade, independência. Queremos respeito pelo que conquistamos. Temos compromissos com nossa sociedade. Ava Gardner, Rita Hayword,  Marilyn Monroe, Liz Taylor e tantas outras, ainda que admiradas pela sua beleza, morreram sem deixar nada além de suas cascas, e com o passar dos anos serão totalmente esquecidas.










Um comentário:

Nazaré Laroca disse...


Obrigada por essa interessante aula sobre as divas do cinema!
Beijos, Maria Lúcia!