QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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sexta-feira, 29 de março de 2024

 Os anos 40. Destruição e reconstrução

"Mais do que qualquer outra década do século, os anos quarenta se compõem de duas partes diametralmente opostas. Até 1945, tudo foi guerra e destruição. A reconstrução do pós-guerra que se segue foi uma obra admirável" Nick Yapp

Mas, estamos falando do esforço de recompor tudo aquilo que o horror nazista havia destruído. Na verdade, neste fantástico esforço, havia falta de alimentos, de vestimentas, de casas, as pessoas haviam perdido tudo. E ainda a luz era escassa. Segundo alguns relatos, comia-se o que se encontrava, desde cavalos até ratos, como sucedâneo de proteína. Foi, sem dúvida uma época de heroísmo e de brutalidade, de coragem e de covardia (covardia não só durante a guerra). Foi neste pós-guerra que o mundo veio a conhecer o Holocausto, a "solução final", que visava a exterminação de todo um povo coisa, jamais vista na História da Humanidade. Foi aí que se criou a palavra "genocidio". Mas ainda havia coisa por vir, a Bomba atômica, que, a mando do Presidente americano, Harry Truman, reduziu a cinza duas cidades japonesas - Hiroshima e  Nagasaki. E foi o momento do nascimento da Guerra Fria, que dividiu o mundo em dois, sendo o Leste, intitulado pelo Primeiro Ministro Inglês,  Winston Churchill, a "cortina de ferro".

Por outro lado, havia um mundo que renascia. A moda, desaparecida nos anos de Guerra, sobretudo por falta de material, que fora substituído preferencialmente pela sarja, renascia com costureiros como Jacques Fath, prematuramente  falecido em 1954, Christian Dior e Pierre Balmain. E o mundo conheceu tecidos como nylon, hoje fora de moda. Na literatura, o mundo leu o trágico diário de Anne Frank, a menina judia holandesa, que durante anos viveu com sua família escondida no sótão de  uma casa, até ser denunciada, transportada para um campo de concentração, onde morreu com toda sua família. O escritor inglês , Georges Orwell, lançava obras memoráveis como "A Revolução dos Bichos", que li há muitos anos e não me lembro mais. "1984", fantástico e inesquecível  romance, cujo fundo é um libelo contra ditaduras. Este  li e reli várias vezes. É interessante que o escreveu em 1948, o quê é o contrário de 1984. Suas perspectivas eram sombrias.  E  Gandhi, ainda vivo , responde o quê pensava da "civilização ocidental": "Penso que seria uma ótima ideia." Ele, que vivia  sob o domínio inglês e que experimentaria na própria carne a barbárie desta dita civilização.

Glenn Miller e toda sua orquestra desaparecem numa viagem de avião sobre o Oceano Pacifico, em 1942. Sua finalidade era distrair tropas americanas. Lembro-me de um filme que vi quando criança, chamado "Músicas e Lágrimas", que relembra este trágico acontecimento. Os atores são James Steward e June Allyson. Na França, é descoberta, por quatro garotos, a caverna de Lascaux, considerada obra prima da arte rupestre. Alguns a chamam a "Catedral gótica de Lascaux". Evidentemente, hoje interditada ao público.

E quanto ao povo alemão, francês, inglês, dos países nórdicos, e dos países baixos? Sem esquecer os russos! Lembrando que entre oficiais, civis, mulheres, velhos e crianças, somam a monstruosa quantidade de 20 milhões de russos! E estes, que perderam tudo na aventura nazista? E os judeus, que sobreviveram, sem família, sem esperança de futuro, depois do quê haviam passado? Muitos eram rejeitados em seus próprios países de origem, onde disputavam os raros empregos. Sem ter para onde ir, muitos optaram pelos Estados Unidos, que não saíra falido da Guerra. A princípio, ainda atordoados pelo  que acabara de acontecer, os alemães não tinham noção da real proporção da monstruosidade nazista. Mulheres transportando seus haveres em carros de bebê, ou nas costas. E foi nestas condições, há quase 80 anos, que no Palácio de Nuremberg, onde Hitler tantas vezes comemorara seu triunfo, que se reuniram os lideres das potências vencedoras: Estados Unidos, Inglaterra, Rússia e França. O objetivo do Tribunal era não somente condenar os carrascos, mas também mostrar ao povo alemão o quê havia de fato acontecido durante aqueles anos. Aos alemães foram mostrados os objetos de ouro roubado dos judeus, alianças, anéis e até dentes. A grande finalidade do Tribunal era,  além de punir, mostrar a morte definitiva da Alemanha nazista. 

Entre 20 de abril de 1945 e 1o. de outubro de 1946, foram julgados os principais lideres do nazismo, como Joachim Von Ribbentrop, Herman Goering, General Wilhem Keitel, que assinara a rendição total da Alemanha, General Alfred Jodl, Alfred Rosenberg, Rudolf Hess, entre outros. Aos criminosos foram mostrados filmes dos campos de concentração, com os prisioneiros esquálidos, montes de cadáveres esqueléticos, amontoados em valas.  As cenas eram tão horrendas que muitos deles tiravam o microfone de tradução simultânea (que fora criada e ensinada para o Tribunal), ou desviavam o olhar. Muitas conferências já haviam sido realizadas, ainda durante a vida de Roosevelt (falecido em 1945), para que fosse resolvido o que fazer após a evidente queda do nazismo. Após o julgamento, condenado a forca Hermann Goering, escapou, cometendo suicídio, com uma capsula de cianeto, que lhe fora misteriosamente passada. Martim Bormann, foi  condenado a revelia, já que havia fugido. Mas não conseguiu. Seus restos mortais foram encontrados, algum tempo depois, perto do Bunker, onde Hitler se escondera com outras figuras proeminentes do nazismo, e se suicidara com sua amante, Eva Braun. Interessante notar que contraíram matrimônio poucas horas antes do suicídio, ela com uma capsula de cianureto, ele com um tiro na têmpora. Heinrich Himmler, comandante das SS - tropa de elite no governo nazista - homem de confiança de Hitler, no momento da prisão, também cometeu suicídio, engolindo uma capsula de cianureto. Ao todo, foram condenados a forca 10 carrascos nazistas, três à prisão perpétua. Entre estes estava Rudolf Hess. Décadas depois, muito velho e sozinho na prisão de Spandau, acabou por suicidar-se, o quê é contestado por seu filho, com quem conviveu  somente um ano, que afirma que seu pai foi assassinado pelos britânicos receosos de que revelasse segredos. Albert Speer, arquiteto de Hitler,  Ministro dos armamentos de 1942 até o fim da Guerra, e também  responsável pelo trabalho escravo de prisioneiros para produção de armamentos , estava presente no Tribunal. Ali, mostrou alto nível intelectual e não  procurou fugir à sua culpa.  No entanto, sua condenação a somente vinte anos provocou revolta, sobretudo na França onde muitos membros da Resistência foram explorados, assassinados ou torturados por sua ordem. Tenho um livro seu, que herdei de meu pai, intitulado "Por dentro do IIIo. Reich - A derrocada" Além deste, publicou outros, e ganhou muito dinheiro. Certa vez, já em liberdade, tentou entrar na Inglaterra, mas foi impedido. No dia seguinte, foi mandadode volta para a Alemanha. Seu filho, também arquiteto, Albert Speer Jr. não se preocupou com o nome, e se tornou um dos maiores arquitetos do país, acumulando prêmios e deixando para trás o repugnante  passado de seu pai. Morreu em 2017. O filho de Joseph Mengele, chamado "O Anjo da Morte" nasceu um ano antes da fuga de seu pai. Chamava-se Rolf e, pelo que se sabia, não  lhe tinha nenhum afeto. E nem podia! Correspondia-se com o pai, que usava nome falso. Em 1977, resolveu conhecê-lo. Convencido de que ainda mantinha os ideais nazistas, Rolf voltou para a Alemanha e viveu uma vida tranquila, no ramo da farmácia. Nunca mais teve qualquer contato com o pai, que morreu de um infarto fulminante na praia Atibaia.  Hans Frank, o "carniceiro da Polônia", executado em Nuremberg, teve um filho, Nikolas. Este tornou-se jornalista e escritor. Não negava a vergonha que tinha de sua ancestralidade, chegando a escrever um livro em que não poupava sua mãe, sobre a qual escreveu um livro "Minha mãe alemã".  E o mais impressionate, o filho de Martin Borman, braço direito de Hitler, chamado Adolf, talvez em homenagem ao Furer. Adolf, quando adolescente participou dos grupos hitleristas. Após a derrota, fugiu. Dizem que foi adotado por uma família italiana. Convertido ao catolicismo, tornou-se padre foi morar no Congo, onde dizem rezava todas as noites pelas vítimas do Holocausto. 

Bem , ainda há tanto a falar desta Guerra e do horror jamais visto!  Em um só texto não há espaço para tanto. Segurei na próxima semana. Até lá!    

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