QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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quarta-feira, 19 de março de 2008

MEUS ANOS VIVIDOS- 2

Há um ano, no meu aniversário, ou melhor, alguns dias depois, escrevi sobre os anos decorridos e sobre o que a vida me havia ensinado. Hoje, com mais um ano vivido, retorno, com uma semana de atraso, para compartilhar com meus amigos este trajeto, cujo começo já ficou longe. E cujo fim, infelizmente, já começa a se aproximar, apesar de todos os meus esforços. Digo isto sem mágoas, amo a vida e agradeço a Deus tudo que Ele me deu, de bom e também de mal. Como diz minha amiga Regina, há dias de sol e dias de chuva.
De todos estes anos vividos, talvez meu maior e mais precioso aprendizado tenha sido a consciência de minha liberdade, condição essencial de todo ser humano. É nossa capacidade de determinar, de escrever nossa história, de fazer-se ela, de ser o que cada um de nós é. Um ser único, inimitável. É o nosso delito humano, a que estamos irremediavelmente condenados. Não se trata de repetir Sartre, mas de constatar, de aprender o que a vida ensinou. Dizer que nascemos e morremos sozinhos, já é meio rotineiro. Todo mundo tem, ou devia ter consciência disso. Do que ninguém fala é de nosso irremediável isolamento pela vida afora, fruto de nossa irremediável liberdade. E repito que não há mágoa nesta constatação Não acho , como Sartre, no seu terrível pessimismo, que o outro seja o inferno. Ele é simplesmente o outro. Tem suas paixões, seus anseios, secretos ou não, vive seu inferno ou seu céu. Só dele. Posso compreendê-lo, aplaudi-lo, compartilhar, mas jamais poderei saber o que realmente lhe vai à alma. Posso amá-lo, meu filho, ou meu amante, mas ele ainda será a ilha de que falava Hemingway , assim como eu. E ainda que ele me conte, de coração aberto, sem nenhuma reticência, olhos nos olhos, tudo que atormenta ou enche de felicidade seu ser, minha leitura será sempre a minha, a que minha experiência, meus sonhos, enfim EU, poderei fazer. É a minha, única, inimitável, e a dele é a sua, igualmente única, inimitável. A dor que, no decorrer da vida, corroe meu coração é só minha, está impregnada da minha história, que é só minha, e que eu escrevi com minha liberdade.
O amor, muitas vezes, leva à decepção (quanta tolice!), quando constatamos que o outro não reage da forma que esperamos. O amor é livre, como todo sentimento, não pode se amarrar, disciplinar. Amor é, ao mesmo tempo, cumplicidade e liberdade. Ama-se como se pode, ou como se quer. E por esta razão é tão absurda, entre tantas outras, aquela preleção nos casamentos de que doravante marido e mulher serão um só corpo e uma só carne. Isto sem falar de seu aspecto meio esquizofrênico. Amar é ser livre, dar liberdade, saber cultivar sua ilha, e respeitar a do parceiro.
E agradecerei sempre a Deus poder dizer como é maravilhosa esta liberdade, com todas suas conseqüências, que cultivamos, eu e meu companheiro tão amado, cada dia, cada momento vivido. São nossas vidas, unidas e livres, voando acima das convenções, e sempre cultivando nossos projetos pessoais.

4 comentários:

Ricardo Vélez-Rodríguez disse...

Ao ler o teu comentário tive vontade de escutar aquela bela sinfonia de Beethoven (é a nona?) na parte grandiosa do "Hino à Liberdade". Certamente é válida a concepção dos filósofos da Ilustração (Kant especialmente) que definem o homem fundamentalmente como Liberdade. A Liberdade é tão definitiva e tão grandiosa que Deus, na tradição das Religiões proféticas, espera a anuência do ser humano para que este passe a formar parte do plano divino. Deus se detém diante da nossa liberdade! E a grandeza do amor entre duas pessoas está aí: na absoluta liberdade sobre a qual essa relação vinga. O hino ao Amor é, basicamente, um hino à Liberdade. Posso dizer "Te amo porque quero", não porque algo a isso me obrigue,o meu amor por ti é doação gratuita minha. E a grandeza de me sentir por ti amado decorre dessa mesma vivência, sei que, entre milhões de homens, me escolheste livremente e livremente me amas!

Ricardo Vélez-Rodríguez disse...

Os filósofos neoplatônicos, aliás, (Plotino, por exemplo) caracterizavam o Um como Amor (doação absolutaqmente gratuita). Gosto muito de ler o Evangelho de São João, porque é um relato que parte dessa tipologia Amor-Liberdade (doação gratuita).

Simplesmente mulheres disse...

Obrigada, meu amor, único, livre, dono de seus projetos. Obrigada por compartilhar as minhas mais profundas convicções.
É assim que nos amamos.

Ricardo Vélez-Rodríguez disse...

Obrigado digo eu, lindinha, a minha maior glória não é ter sido o teu primeiro homem, mas o último! Que os nossos projetos continuem se desenvolvendo com a nossa convivência tão gostosa, como pano de fundo. Beijão, te amo.