QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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domingo, 6 de abril de 2008

LULA OU “A METAMORFOSE AMBULANTE”

“Metamorfose ambulante” faz parte, ou é título, de música de Raul Seixas. Foi lembrada por Francisco Weffort, fundador do PT, por ocasião do “vale tudo” sindical, promovido por Lula. Weffort desligou-se do partido há muitos anos, quando aceitou o convite de Fernando Henrique para ser Ministro de Cultura. Naquele tempo, o PT era o partido dos “puros”, como os Jacobinos da Revolução Francesa, que acabaram na guilhotina. Não desejo mesma sorte aos petistas, mesmo porque não há mais guilhotina. Mas naqueles tempos de pureza (não os da Revolução Francesa), não se admitia NENHUM acerto com partidos considerados conservadores. O mesmo expurgo já havia acontecido com Luíza Erundina.
Pois o que vemos agora é um festival de metamorfoses sem-vergonha. Sei, por minha própria experiência, o quanto a gente muda ao longo da vida. São mudanças sutis, que ela nos ensina, e que ocorrem pouco a pouco. E disto já falei anteriormente. O que estarrece agora é a desfaçatez com que o homem e seus asseclas renegam, pelas piores razões, tudo em que acreditaram um dia, há tão pouco tempo. E é sempre para pior. Porque todo mundo conhece a sem-vergonhice do peleguismo fisiológico (desculpem-me a redundância). Fiscalizar um dinheiro que é “doado” pelo trabalhador é dever do Estado, ou melhor, do TCU, que representa a sociedade. Mas, como determinou Lula, continuamos nos tempos do peleguismo getulista, montado também para favorecer o ditador, creio que ainda durante o famigerado Estado Novo. Peleguismo que compra os chefes sindicais e assegura votos. “Recebam e façam o que quiserem com o dinheiro. Mas assegurem o apoio a mim”.Há dirigentes sindicais que vivem vidas de rico, como o que chega ao trabalho no “Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil” a bordo de uma Mercedes. E há ainda dezenas de outros exemplos escandalosos. Joaquinzão era, nos anos 70, um líder sindical que se dava muito bem com a ditadura e dela se beneficiava, além de obter para o governo de então o apoio de seus sindicalizados metalúrgicos. E Lula era contra, com toda razão. Agora mudou de “idéia”.
Mudou também em relação à CPMF, ao contato indecoroso com partidos de direita (e que direita!), como PP, PTB- criação do General Golbery –o PMDB fisiológico. E alguns outros, criados ”ad hoc”, para garantir votos ao governo. Já beijou as mãos impolutas de Jarder Barbalho, e um dia desses defendeu Severino e Renan. Isto porque sabe que ambos têm votos daquela população ignorante do Nordeste, aquela que recebe a “Bolsa família” e que o considera um paizão. E que nunca, já que este não é o projeto do governo, sairá da pobreza.


E por falar em pobreza, lembrei-me do Ziraldo, aquele pobre jornalista, defensor de nossos direitos democráticos, que, a título de “indenização” vai receber mais de um milhão de reais e ainda uma pensão vitalícia de quatro mil e tantos reais. Ele e mais alguns iguais a ele. E não podemos jamais esquecer a lapidar frase do heróico Ziraldo: “Eu quero que morra quem está criticando. É tudo cagão”.
Fernando Gabeira, que foi preso e torturado, não quer indenização. O jornalista Raimundo Pereira, fundador do extinto jornal “O Movimento”, um dos maiores opositores da ditadura, “disse que nunca reivindicou indenização, por não considerar justo ser ressarcido”.(O Globo)
Felizmente, há gente como Gabeira e Raimundo Pereira. Mas, que pena, também existem os Joaquinzão, Ziraldo, Lupi, etc. E isto sem esquecer o chefe.

E viva a Bolsa Ditadura!

Uma amiga pediu-me o segundo capítulo da história de minha avó. É triste, e mais ainda porque foi censurada, desprezada a vida inteira por ter amado demais. E diante de tanta pornografia como as que venho de descrever, só me resta contar a sua história e redimi-la. Logo vou voltar à sua triste e injusta vida de mulher de um tempo, que, felizmente, já acabou.
Mas será que não foi substituído por outro, tão sem-vergonha e hipócrita quanto aquele antigo?

Um comentário:

Ricardo Vélez-Rodríguez disse...

Fofurinha, gostei do teu comentário, de gaúcha originária de Uruguaiana. De mineira só tens a certidão de nascimento! Bravo! A única forma de o Brasil superar esta onda de cinismo que o varre de cima para baixo é fazendo uma crítica impiedosa à sem-vergonhice de plantão. A indignação dos cidadãos comuns, somada, fará com que iniciativas cívicas, de baixo para cima, comecem a aparecer. Só assim mudará esta sociedade, apodrecida por um Estado podre. "Sapere aude", como dizia Kant. Tenhamos a coragem de pensar. No Brasil, infelizmente, pensar tornou-se ato pouco praticado. Dizia o embaixador Meira Penna, meu amigo, que o "cogito ergo sum" cartesiano tinha sido interpretado, no nosso país, como "coito ergo sum". Não pensamos corriqueiramente. Aceitamos as coisas como vão. A dimensão crítica da razão, eis o começo da cura para os males do presente. O que mais me sensibiliza nos fatos que recordas é a questão da "Bolsa - Ditadura". Cobrar da Nação pelas apostas falidas do passado!. Viva Gabeira e os poucos que recusaram essa benesse do cartorialismo tupiniquim. Fiz, como tantos outros amigos, alguns mortos na luta guerrilheira, as minhas escolhas erradas de juventude. Mas nunca, jamais passou pela minha cabeça cobrar por isso. É a prostituição dos ideais. Com a palavra Ziraldo e os demais beneficiários da "Bolsa-Ditadura".Serei mais um "cagão"?

A propósito da divulgação do teu blog, acho que deves continuar a avisar os teus amigos sobre as novas matérias que escrevas. Não é tolher a nossa liberdade. É simplesmente dar notícia da luz do teu pensamento. Como diz o Evagelho, " brilhe tua luz para que ilumine a todos que estão em casa".