QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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sábado, 4 de agosto de 2007

O politicamente correto

Maria Lúcia Viana
Há algum tempo tenho pensado nesta espécie de aberração social, de que fui, eu própria, vítima, que se chama o “politicamente correto”. Pode ser que alguém, sobretudo os mais jovens, não saiba exatamente o que isto quer dizer, já que as novas gerações não dão a mínima bola para o que dizem os outros. Ser “politicamente correto” é “estar antenado” é ser cult, moderno, anti-reacionário. Aliás, Luís Fernando Veríssimo, segundo li, saiu-se com uma jóia ilustrativa do “politicamente correto”: “não faço críticas ao Lula para não ser confundido com reacionário”. Ou seja, mais importante do que qualquer valor moral é a imagem que os outros possam ter dele. Fiquei perplexa! Aliás, este tem sido um estado permanente em mim nos últimos tempos. Pensando nisso, resolvi fazer uma lista inicial do que consegui catalogar até agora como “politicamente correto”. E estou aberta a inclusões ou a revisões.
Mas vamos lá.
Ser “politicamente correto” é:
1- Ser da esquerda, abdicando de qualquer princípio crítico ou ético.
2- Ser antiamericano e dizer que somos o que somos, por culpa dos EU. Como se não fossemos competentes para isso.
3- É não aceitar os números que indicam que a direita matou menos (cerca de 65 milhões) do que a esquerda (cerca de 200 milhões), ao longo do século XX. Aliás, a direita não alcançou o recorde da esquerda, não por bondade, mas porque não teve tempo para completar o número. (Senão vão dizer que tenho simpatia pelo Nazi-Fascismo)
4- É dizer que Cuba é uma maravilha e que é a propaganda capitalista que pinta a ilha como uma droga.
5- É defender o Chavez e acha-lo um grande líder - já que fala mal do Bush - ainda que o ditador venezuelano seja um desclassificado.
6- É não admitir que, algum dia, por acaso, talvez até sem querer, o Bush acerte. O que, realmente, ele não fez até agora.
7- É achar que o Chico Buarque ainda é um tesão, lindo e maravilhoso, quando, de fato, ele “escorreu”.
8- É partir do princípio de que TUDO que ele faz é fantástico, até cantar.
9- É achar que qualquer coisa da família Buarque de Hollanda é extraordinária. Até a Miúcha.
10- É ler o caderno MAIS da Folha.
11- É ter votado pelo SIM no plebiscito sobre o desarmamento, considerando ser “direitaço” quem votou pelo NÃO.
12- É achar que o cinema americano é uma droga, não importando qual seja o filme.
13- Não assistir nunca a nenhuma novela e não conhecer nenhum ator. E, se possível, telefonar para um amigo, suspeito deste mau hábito, no horário em que se supõe que ele esteja cometendo o delito.
14- É adorar Bossa Nova, considerando-a a melhor música – popular ou até erudita – que já se fez no mundo.
15- É ser contra qualquer mudança no Estatuto do Menor e do Adolescente, mesmo sabendo que aos 16 anos todo brasileiro é considerado apto para votar.
16- É a-do-rar a Bahia.
17- É querer discutir a questão, já superada, – salvo para alguns doentes mentais – do homossexualismo.
18- É ser absolutamente favorável ás cotas raciais, sendo que na UNB foi formado um “tribunal racial”, cuja última execrável aparição remonta à Alemanha nazista.
19- É malhar quem malha.
20- É ser favorável à Reforma agrária, sem colocar nenhuma questão, mesmo que seja para aperfeiçoa-la.
21- É declarar-se agnóstico ou, melhor ainda, ateu, e, simultaneamente, admirar profundamente Boffs e Betos.
22- É defender o Movimento Negro, até quando ele se mostra intolerante e racista.
23- É considerar o Mel Gibson um fascista assassino.
24- É declarar-se feminista “enragée”, e odiar Lipovetsky, autor de “La troisième femme”, tido como reacionário. Ainda que não se tenha lido a obra.
25- É dizer que odeia atividades domésticas, como fazer comida, cuidar da casa, das plantas, etc. Atividades consideradas antiintelectuais.
26- É odiar passear no Shopping, lazer pequeno-burguês, ainda que a própria pessoa pertença a esta classe social.
27- É ser contra a cobrança de matrícula nas Universidades públicas, embora elas sejam, majoritariamente, freqüentadas por filhos da burguesia (vide os estacionamentos).
28- É odiar Paulo Coelho, mesmo sem ter lido nenhum de seus livros. Eu também não gosto, mas li (com inegável sofrimento) “O Alquimista”.
29- É admirar profundamente Paulo Freire, mesmo sem conhecer nada de sua obra.
Estou tentando lembrar-me de mais características do “politicamente correto”. Caso você se lembre de alguma(s) outra(s) não deixe de enviar-me. Como disse no início, estou aberta a sugestões e também a revisões. Quem sabe, todos juntos, não possamos mais tarde publicar “O manual do politicamente correto”? E talvez a gente até possa convidar o Luís Fernando Veríssimo para escrever o prefácio! E também para o lançamento! Mas é para ninguém tomar como exemplo!
E se você se encontrou em muitas das características que enumerei aqui, sugiro que faça como eu e tente rever seus conceitos. Quem sabe eles já estão defasados? Desculpem-me as indelicadezas.
Beijos a todos meus queridos amigos e amigas.

Um comentário:

Nazaré Laroca disse...

Querida amiga,

Todos os seus textos são muito bons, mas, dessa vez, você se superou!
Este texto - "O politicamente correto" - é simplesmente FANTÁSTICO!
Lavei a alma!

Continue a produzir maravilhas como essa! Vou repassar para meus filhos e amigos!

Um beijo grande,
M. Nazaré Laroca