QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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terça-feira, 11 de setembro de 2007

CARTA ÀS CINQUENTONAS – 2

(Dando prosseguimento às minhas reflexões, aqui vai a continuação da 1a. parte- já publicada aqui)Em outras conversas, sorrateiramente escutadas enquanto fingia brincar, ouvi menções à “mulher” e à “moça”. Ouvia dizerem que fulana já era “mulher” e sicrana ainda era “moça” e ficava procurando a diferença visível entre uma e outra. Consegui descobrir que minha mãe era “mulher”, mas sua amiga Alzira, ainda que já fosse velha, era “moça”. Minha dinda Lígia, jovem, era “mulher” e a matrona que morava no fim da vila era “moça”. Que lógica estranha! Mas logo pude concluir que “moça” era virgem e “mulher” era não-virgem. Ou seja “mulher” era aquela que algum macho escolhera e “moça” era a pobre coitada que ninguém quisera. Tive pena das “moças” velhas e jurei que não aconteceria comigo. Mas a pior era a qualificação de “mulheres da vida” , que, naturalmente, opunha-se a ”mulheres da morte”. Imaginem, como deveria ser triste a vida das “mulheres da morte”! E ainda havia as “mulheres livres”, opostas às “mulheres escravas”! Pode? Ao tocar neste ponto reporto-me à minha amiga Cré, que recrutou a alguém que falava de “mulheres fáceis”: “Fácil eu também sou, com um homem que me agrade. E ainda faço de graça.” E quando lembro-me de tudo que ouvi e que constituiu , e ainda constitui, as crenças profundas de muitas mulheres – e também de muitos homens-, tenho este mesmo impulso de dizer uma “ besteira”, uma deliciosa necessidade de “ épater les bourgeois”. Gosto de demolir este velhos valores, rabinhos da sociedade patriarcal do século 19.

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