QUEM SOU EU

Sou professora de Francês, mas hoje minha principal atividade é escrever e ler, além de cuidar dos meus três vira-latas: Charmoso, Príncipe e Luther.



Gosto de fazer ginástica, sou vegetariana e adoro animais em geral, menos baratas.



Sinto especial prazer quando meus textos agradam aos meus leitores. Espero continuar produzindo e me comunicando com todos os meus amigos, neste maravilhoso universo da net.



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sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Não nos cabe questionar

“O Senado tomou uma decisão política, que não nos cabe questionar. Mas as investigações sobre Renan Calheiros devem prosseguir”. Fiquei perplexa, assustada, ao ouvir esta frase de uma líder estudantil, membro da diretoria da UNE. O PT conseguiu corromper até a juventude! O que vimos naquela histórica 4a. feira é o cúmulo do deboche, do desrespeito, o total achincalhe de qualquer princípio moral. Como não questionar? E já está claro, para qualquer um que queira enxergar, o que vai acontecer com as outras investigações. E, mais uma vez, ainda que se prove com clareza meridiana a patifaria, sendo uma decisão do Senado, não há o que questionar! Pelo menos este é o raciocínio da tal líder estudantil.
Lembrei-me dos meus tempos de juventude, quando questionávamos tudo. É claro que havia gente que não questionava nada, por várias razões, mas a parte mais sadia de nossa geração jamais aceitou as coisas prontas. Assim, questionamos a ditadura, e muitos até se imolaram na luta armada. Mas eles criam nos seus ideais. Questionávamos os preconceitos e foi assim que foram jogados por terra os mitos da virgindade, do casamento, da mulher feita para o lar e a maternidade. Questionávamos o preconceito contra o homossexualismo, contra os negros, contra os pobres. Éramos essencialmente honestos e repudiávamos qualquer tipo de corrupção. Nós tínhamos a convicção de que um mundo melhor poderia existir e, cada um a seu modo, lutava por isso. Tínhamos um principio, que hoje até pode parecer meio infantil, “é proibido proibir”. Graças à nossa geração, aquela que nasceu após a 2a. Guerra, os jovens de hoje desfrutam de liberdade, podem escolher seu caminho, sem culpa e sem medo.
Então, quando vi aquela moça dizendo, com toda naturalidade, que aquela patifaria era inquestionável, senti uma imensa dor. Todos já lemos sobre as benesses distribuídas pelo governo a lideres estudantis. Até um Ministério, o dos Esportes, foi entregue a um antigo presidente da UNE, de quem, aliás, ninguém tinha ouvido falar. Para nós, aqueles da geração que repudiou o que estava estabelecido, que não aceitou a desonestidade, a má fé, fica a terrível convicção de que o sonho, aquele com que sonhamos, acabou. Ou, pior ainda, sempre foi uma mentira, o mundo não melhorou em nada. E que, agora, o “coisa ruim” se instalou justo daquele lado que um dia foi nossa utopia.

Um comentário:

Nazaré Laroca disse...

Que absurdo! Uma frase como esta:
"Não nos cabe questionar", vinda de uma líder estudantil!!!
Só se for líder robotizada, máquina que decorou a frase codificada num registro formal, culto, perfeito ...PURA SUBSERVIÊNCIA NAZISTA!
Parabéns, Maria Lúcia!
Continue a externar os nossos sentimentos como você tão bem tem feito!
Beijos, Nazaré